Na retina dos meus olhos
Retenho seu último olhar
De olhos etéreos e infindos
Da cor doce do mar
Onde vi o meu sonho
Tomar um barco a vagar
E de brusco ser tragado
Pro fundo do seu olhar
Que ainda detenho
Mas que está fugindo aos poucos
E sei que não mais terei
Esses olhos de gozo
De brilho morno da lua
Que espalha seu calor
Nos becos sujos da rua
Onde olhares sombrios
São o que agora detenho
Já que não mais tenho
Os seus na retina dos meus olhos
Que hoje são poças d’água
E nada mais tenho a reter
Já que, desesperadamente deixei fugir
O que de único restou de você:
Seu olhar.
21/12/1985