quinta-feira, outubro 11, 2007

Cicatriz de Penélope

o dia se arrasta como um pêndulo transfigurado
luz imóvel de outono no quarto em desordem
sempre busco pela casa algo que não sei o que é
mas sei que sobra, dele

velha melodia o ronco barulhento do seu carro
amor
ficar aqui até que o vento refresque minha alma de tantas curvas
até que chova e cheire a terra e passem barcos e nuvens

o homem que me sorriu no elevador voltou
em outras cores
não era assim que eu queria que você me olhasse?

conversa de mulheres, bordar
e desbordar
ainda há pouco retoquei cena por cena
o projeto do romance. assim não vale?
alisar as plumas antes? máscara de artista,
me recuso

sinto desejo e sono. estremeço ao menor zumbido.
mulher,
pássaro penteando as asas, sempre.

não sei se quando ele me beija pensa em palmeiras suspensas" tristeza que carrego, sobra no tempo, ameaça. virgular é feminino

você pensa que me entende? eu não quis dizer ao mesmo tempo:
alma e corpo
faça isso, pegue a minha mão, não faz tanto frio.
tento dizer que colecionar pedras em segredo não fica bem,
baby

minhas lágrimas patéticas? dolores duran escreveu "por causa de você" com o lápis de sobrancelha. uso esse vestido vaporoso
com o mesmo lirismo.
caminho como se assobiasse e não reparo
no homem que me deseja parado no sinal.

Ledusha

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